Médico cubano supera 'desconfiança' e conquista pacientes no litoral do RN
Raul Hernandez atua em S. Miguel do Gostoso no programa Mais Médicos.
Em todo o estado, são 208 médicos estrangeiros e 35 brasileiros do programa.
Atencioso, simples, cuidadoso. Essas são apenas algumas
das palavras usadas por moradores da pequena São Miguel do Gostoso para definir
o médico cubano Raul Hernandez Lopez que atua na comunidade desde dezembro de
2013. Ele é um dos 243 profissionais que trabalham no Rio Grande do Norte
através do programa Mais Médicos - que completou dois anos em agosto. "O
atendimento dele é muito bom, ele é muito atencioso, está sempre
disponível", diz a garçonete Maria Leda Barbosa, de 32 anos, que aguardava
atendimento para a filha Letícia, de 7 anos, que é asmática.
São Miguel do Gostoso fica no litoral norte do estado e tem
10 mil habitantes. Além de Raul, o município tem ainda outro médico cubano e um
italiano contratados através do programa. Nenhum teve problema de adaptação na
cidade.
Raul Hernandez atende na Unidade Básica de saúde do
Maceió e desde que chegou à cidade conquistou o respeito e a admiração dos
moradores. "Ele é uma benção pra gente. O doutor Raul é muito atencioso, o
atendimento dele é diferente do dos outros médicos. Ele é mais cuidadoso,
conversa com a gente. Tem médico que parece que tem preconceito com a gente
porque a gente é pobre. O doutor Raul não. Ele trata a gente bem. Se ele for
embora eu vou sentir muita falta", diz a dona de casa Ana Maria Almeida,
de 30 anos.
Mas nem sempre foi assim. Coordenadora da unidade de
saúde do Maceió, a enfermeira Karina Flavia Soares de Moura, de 36 anos, conta
que no início a população teve receio de ser atendida pelo cubano. A
desconfiança durou pouco. "No início as pessoas tiveram um pouco de
receio, até por causa de toda a polêmica envolvendo a chegada de médicos
cubanos para atender no Brasil. Mas após os primeiros contatos o doutor Raul
conquistou a comunidade. O paciente se sente acolhido. Essa humanização do
atendimento, a simplicidade dele, tudo isso agrada aos pacientes", diz.
Para a dona de casa Maria de Fátima de Melo, de 35 anos,
o único problema no atendimento do médico é o idioma. Ela explica que às vezes
é difícil entender o que ele diz. "Ele fala meio enrolado e às vezes eu
não entendo, mas as enfermeiras sempre ajudam e aí fica mais fácil",
conta.
O médico concorda. "Aqui no Nordeste,
especificamente, existem algumas palavras muito particulares, mas quando eu
tenho dificuldades peço ajuda às enfermeiras. Não chega a ser um
problema", diz. Formado há 25 anos, ele também já morou na Venezuela onde
trabalhou atendendo casos de urgência. O médico não se queixa das condições de
trabalho. "Não temos tudo, mas com o que temos conseguimos
trabalhar", afirma.
A coordenadora do Programa Saúde da Família na cidade,
Maria de Lourdes Alves da Costa, explica que a chegada dos médicos estrageiros
resolveu o problema de falta de médicos na atenção básica. "Antes do Mais
Médicos a gente até conseguia médico, mas muitos não queriam cumprir a carga
horária, atendiam três dias na semana e não apareciam mais. A maioria ficava
pouco tempo na cidade porque bastava aparecer uma proposta de outro município
pra eles irem embora", relata.
"Nós já tivemos médicos brasileiros excelentes aqui
em São Miguel do Gostoso. Não podemos generalizar, mas os cubanos têm
surpreendido na humanização, no acolhimento aos pacientes, e isso conquista a
comunidade".
Mais Médicos
O governo federal divulgou que, em dois anos de funcionamento, o programa levou 18.240 médicos a 4.058 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), beneficiando cerca de 63 milhões de pessoas.
O governo federal divulgou que, em dois anos de funcionamento, o programa levou 18.240 médicos a 4.058 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), beneficiando cerca de 63 milhões de pessoas.
No Rio Grande do Norte, 99 cidades são atendidas pelo
programa. Ao todo, são 243 médicos contratados pelo programa, sendo 208
estrangeiros e 35 brasileiros. A coordenadora da comissão do Mais Médicos na
Secretaria Estadual de Saúde, Claudia Frederico, explicou que o programa sanou
a falta de médicos em muitas cidades do estado.
"Você tinha um município em que o médico aparecia duas vezes por semana, atendia rapidinho e ia embora. Agora temos uma situação inversa. Os médicos moram na cidade, atendem todos os dias da semana, com calma. É isso que tem agradado a população", explica.
"Você tinha um município em que o médico aparecia duas vezes por semana, atendia rapidinho e ia embora. Agora temos uma situação inversa. Os médicos moram na cidade, atendem todos os dias da semana, com calma. É isso que tem agradado a população", explica.
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte
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